PF diz que Josimar e deputados do PL cobravam 25% de propina sobre emendas no Maranhão; veja diálogos
Um relatório sigiloso da Polícia Federal detalha como funcionava uma suposta operação de venda de emendas parlamentares por parte de três deputados federais do PL: Josimar Maranhãozinho (MA); Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE). Os recursos eram destinados à área da saúde no município de São José de Ribamar (MA), na região metropolitana da capital maranhense, São Luís. Segundo a PF, a quadrilha da qual os deputados faziam parte cobrava a devolução de um quarto (25%) dos recursos.
Os nomes dos três deputados e detalhes da investigação já haviam sido revelados pelo Estadão em outubro o ano passado. Na época, o jornal mostrou como funcionava a atuação de agiotas e corretores no esquema.
Ao portal g1, o deputado Pastor Gil disse que aguarda o julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e que está “confiante de que os esclarecimentos apresentados conduzirão ao reconhecimento da inocência”. Nesta semana, o relator do caso, o ministro Cristiano Zanin, liberou a denúncia contra os três parlamentares para julgamento na Primeira Turma do STF.
Na investigação, a Polícia Federal focou em três emendas parlamentares destinadas ao município, que somam R$ 6,7 milhões. Desse total, ao menos R$ 1,6 milhão foi cobrado pela quadrilha como propina à prefeitura de São José de Ribamar – no Congresso, essa parcela é às vezes chamada de “volta”.
Nas mensagens recolhidas pela PF, há a menção a reuniões entre os parlamentares, cobranças de pagamentos de comissões e marcação de agendas com várias autoridades do então governo de Jair Bolsonaro (PL), no ano de 2022, ao qual se referem a maioria das conversas.
As investigações tiveram início quando o então prefeito, Eudes Sampaio, contou à polícia ter sido procurado pelo agiota Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan. Ao se recusar a pagar as parcelas, Eudes passou a receber ameaças – contra si e contra familiares. O caso foi enviado ao STF em junho de 2021, e atualmente tramita sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin.
“Constatou-se, de forma segura, a existência de mensagens existentes no celular do Deputado Josimar – mantidas com os demais congressistas (Pastor Gil, Bosco Costa) e outros investigados (Pacovan) – sobre a forma de desvio das emendas parlamentares e da eventual “cobrança” dos gestores municipais que não aderissem à organização criminosa”, diz um trecho do relatório da PF.
A dinâmica do esquema supostamente operado por Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa, mostrada pelo Estadão em outubro do ano passado, foi confirmada com a divulgação do inquérito da PF em reportagem da TV Globo nesta sexta-feira,7. O Estadão obteve uma cópia do arquivo de 294 páginas.
Segundo as investigações da PF, o deputado Josimar Maranhãozinho agia como líder do grupo. Ele “está à frente da estrutura criminosa, capitaneando não somente a destinação dos recursos públicos federais oriundos de emendas (próprias e de outros parlamentares comparsas) para os municípios, mas também orientando a cobrança (utilizando, inclusive, de estrutura operacional armada), ao exigir dos gestores municipais a devolução de parte dessas verbas”, diz um trecho.
Um assessor dele, João Batista de Magalhães, atuaria como uma espécie de “corretor” de emendas, se utilizando de “servidores públicos para obter informações sobre andamentos de pagamentos de emendas parlamentares destinadas a Municípios do Estado do Maranhão, remunerando-os como forma de agradecimento”. Ainda segundo a PF, o assessor seria próximo ao empresário Eduardo José Barros, o Eduardo DP ou Eduardo Imperador, sócio da empreiteira Construservice e alvo da PF em novembro de 2023, em outra investigação sobre emendas.
Um relatório sigiloso da Polícia Federal (PF) mostra que os deputados federais Bosco Costa (PL-SE), Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), organizavam, por meio de mensagens telefônicas, um suposto esquema de venda de emendas parlamentares. Josimar e Gil são influentes no Maranhão e integram a bancada evangélica da Câmara. Bosco Costa, por sua vez, está no quarto mandato como representante de Sergipe.
Ao portal g1, o deputado Pastor Gil disse que aguarda o julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e que está “confiante de que os esclarecimentos apresentados conduzirão ao reconhecimento da inocência”. Nesta semana, o relator do caso, o ministro Cristiano Zanin, liberou a denúncia contra os três parlamentares para julgamento na Primeira Turma do STF.
Os recursos investigados pela PF eram destinados à área da saúde no município de São José de Ribamar (MA), na região metropolitana da capital maranhense, São Luís. Segundo a PF, a quadrilha da qual os deputados faziam parte cobrava a devolução de um quarto (25%) dos recursos. Entre as provas coletadas pelos investigadores estão conversas onde os deputados mencionam reuniões feitas para cobrar pagamento de comissões, além da organização de agendas com autoridades do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na Câmara desde 2019, Josimar é aliado do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. Ele integra o PL desde 2003 e é o principal nome da sigla no Estado. A influência dele é tamanha que, em dezembro do ano passado, Valdemar decidiu contrariar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e manteve o parlamentar no comando do diretório estadual maranhense.
“Não há possibilidade de o partido sair do comando do grupo do deputado Josimar Maranhãozinho. Avisei para o Bolsonaro que viria para o Maranhão e essa história está liquidada. O PL vai marchar unido, como sempre ele marchou e sob o comando do Josimar. O Bolsonaro vai compreender isso, eu já mandei o recado para ele”, afirmou Valdemar. (blog do John Cutrim)
Comentários