Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou os nomes de sua equipe ministerial, durante o chamado período de transição, ficou claro para quem conhece os meandros do poder que o novo governo enfrentaria sérios problemas, em especial no campo da articulação política.
Em maio passado, o UCHO.INFO afirmou ser impossível confiar em um governo que tem como articuladores políticos os petistas Alexandre Padilha e Rui Costa. O que pareceu crítica descabida de nossa parte, agora se confirma.
Costa e Padilha, ministros da Casa Civil e de Relações Institucionais, respectivamente, sequer sabem como lidar com um Congresso que se move no pântano do escambo criminoso e da chantagem pura e simples. Mesmo assim, têm colocado o governo de joelhos diante de integrantes do Centrão, o que há de pior na política brasileira.
Deputado federal pelo Rio de Janeiro e vice-presidente do Partido dos Trabalhadores, Washington Luiz Cardoso Siqueira, conhecido como “Washington Quaquá” e que está de saída da legenda, afirmou em entrevista ao jornalista Chico Alves, do UOL, que “a relação de Rui Costa com o Congresso é uma tragédia”.
Não é preciso nenhuma dose extra de percepção para concluir que o governo Lula tem errado sobejamente nas relações com o Parlamento. À sombra do enfadonho “presidencialismo de coalizão”, não receber em palácio deputados e senadores é suicídio político. Essa é a estratégia utilizada por Rui Costa para que o governo consiga ampliar a base de apoio no Congresso.
Na entrevista, além de criticar o comportamento do chefe da Casa Civil, Quaquá condenou o discurso feito por Rui Costa na Bahia, menosprezando a atividade parlamentar em Brasília. Dias depois, Costa admitiu ter exagerado nas palavras, mas o estrago estava consumado.
Outra declaração de Washington Quaquá, da qual o UCHO.INFO discorda com veemência, é que o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, deve ser tratado como alguém que trabalha pela estabilidade do País, não como um chantagista.
O petista descreveu Lira como “fenômeno político brasileiro”, uma espécie de “presidente do sindicato dos parlamentares”. “Tem sido muito justo com o Brasil”, afirmou o vice-presidente do PT.
Rotular Lira como “fenômeno político” é menosprezar seu mentor intelectual, Eduardo Cunha, que continua a dar as cartas nos bastidores do poder, em Brasília.
É inaceitável classificar Arhur Lira como alguém que age com justeza em relação ao Brasil, quando ele próprio quer instalar próceres do Centrão no comando de pastas importantes, como a da Saúde, por exemplo, onde seu partido, o PP, protagonizou escândalos de corrupção e outros crimes em governos anteriores.
Considerando as procedentes críticas de Quaquá, que ainda é um “companheiro” de alta patente, o presidente Lula deveria substituir o quanto antes os responsáveis pela articulação política do governo. Ainda é possivel reverter o estrago.
Comentários