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Em pronunciamento pífio, Bolsonaro evita falar em derrota, não cita Lula e abre caminho para protestos



 Golpista e covarde – ou vice-versa – pode parecer um paradoxo, mas assim é o presidente Jair Bolsonaro. Aliás, por falar em paradoxo, há milênios o filósofo grego Plantão definiu o paradoxo da democracia, algo que o atual chefe do Executivo falsamente diz respeitar.

“A democracia pode facilmente se transformar em uma tirania se os governantes receberem demasiada confiança para decidir por um grande número de pessoas, se não forem submetidos a escrutínio”, profetizou o filósofo. Contudo, Bolsonaro, golpista nato que é, não aceita de submeter ao escrutínio e quando o faz e experimenta a derrota fala em fraude e outros quetais.

Na verdade, democracia e tolerância são análogas, talvez sejam xipófagas. O filósofo austríaco Karl Popper afirmou certa feita: “A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância”.
Foi o que tentou fazer Bolsonaro para impor o seu totalitarismo goela abaixo dos brasileiros de bem e defensores da democracia.

Na obra “A sociedade aberta e seus inimigos”, Popper destacou a dificuldade de se estabelecer limites à liberdade de expressão quando ela é usada de modo contraditório, como faz Bolsonaro ao defender seus desvarios e os da turba de apoiadores.

O introito – alongado, reconhecemos – serve de mestre-sala para o primeiro pronunciamento de Jair

Bolsonaro depois de 45 horas da proclamação do resultado da eleição presidencial, que teve como vencedor o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Em discurso no Palácio da Alvorada, ladeado por ministros e bajuladores de plantão que endossam suas teorias e investidas golpista, Bolsonaro aos 58 milhões de eleitores que lhe confiaram o voto, mas não citou o nome de Lula nem reconheceu de forma clara a derrota.

Ratificando o que afirmamos em matéria anterior, Bolsonaro apostou no planejado movimento de caminhoneiros que bloqueou estradas em todo o País para tentar salvar um projeto de golpe que passou os últimos dias nos estertores. O silêncio dos militares, que não apoiaram o plano macabro, e a movimentação de aliados na direção do presidente eleito Lula mandaram tudo pelos ares.

Como se ainda estivesse em campanha e discursando para os convertidos, Bolsonaro não reconheceu claramente a derrota, como já mencionado, mas falou em “injustiças” no processo eleitoral, exalando mais uma vez sua essência totalitarista.

Em termos legais, Bolsonaro não é obrigado a cumprimentar o adversário pela vitória ou reconhecer publicamente sua derrota, mas esse gesto democrático é recomendável. A falta de posicionamento do presidente sobre o resultado das urnas e o silêncio de quase dois dias foi interpretado como sinal verde para o movimento que bloqueou estradas e vias de importantes cidades brasileiras.

No tocante à obstrução das estradas de todo o País, o ainda presidente da República também não pediu o fim do movimento criminoso, mas limitou-se a dizer que os métodos das manifestações realizadas por seus apoiadores não podem ter o mesmo método usado pela esquerda.

“Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”, afirmou.

Por fim, Bolsonaro destacou que continuará cumprindo “a nossa Constituição”, como se a Carta Magna fosse propriedade da extrema direita tupiniquim. Considerando o bojo do rápido pronunciamento – pouco mais de dois minutos – o presidente mais uma vez recorreu à vitimização, desta vez para justificar a derrota nas urnas.

Quem não conhece Jair Bolsonaro é capaz de acreditar no enredo novelesco que foi apresentado no Palácio da Alvorada, noventa minutos depois do horário marcado. O plano de golpe só desmoronou porque a sociedade não aderiu e os militares e as instituições resistiram.

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