Ao manter a Selic em 13,75%, Copom reforça o danoso efeito fiscal das PECs Kamikaze e dos Combustíveis
Na quarta-feira (21), o Comitê de Polícia Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter sem alteração a taxa básica de juro (Selic), atualmente em 13,75% ao ano. A decisão interrompeu maior ciclo de alta em 23 anos – foram 12 elevações consecutivas desde março de 2021.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e os diretores Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza votaram pela manutenção da taxa em 13,75%. Fernanda Magalhães Rumenos Guardado e Renato Dias de Brito Gomes votaram pela elevação em 0,25 ponto, o que aumentaria a Selic para 14%.
Em comunicado, o Copom informou que continuará monitorando a economia e poderá voltar a subir a taxa Selic caso a inflação não caia como esperado.
“O comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, destaca o comunicado.
O comunicado do Copom mostra de forma clara que o fabricado recuo da inflação oficial só foi possível a partir das irresponsáveis PEC Kamikaze e PEC dos Combustíveis, que criaram um cenário fictício na economia.
Tudo indica que a Selic será mantida nesse patamar até o final do ano, mas não se deve descartar uma elevação da taxa no começo de 2023, já que existe um quadro de inequívoca incerteza fiscal.
Com o intuito de eventualmente melhorar o desempenho de Jair Bolsonaro nas pesquisas eleitorais, o governo atuou para aprovar as citadas PECs, aumentando o déficit fiscal do País, mesmo que a majoração temporária do valor do Auxílio Brasil e a criação de outros benefícios sociais terem disso aprovadas à sombra de estado de emergência.
Bolsonaro disse, por ocasião da discussão das PECs, que os efeitos fiscais das medidas seriam analisados posteriormente, mas é importante ressaltar que em algum momento a conta há de chegar no bolso do contribuinte, em especial no dos mais pobres.
Não se trata de ignorar a necessidade dos que passam fome, pelo contrário, mas a calamidade social não surgiu da noite para o dia. O governo poderia ter tomado alguma providência com muita antecedência, mas preferiu atender às chantagens do Centrão, cada vez mais ávido pelo dinheiro público. O criminoso “orçamento secreto” é prova maior do descaso oficial para com os pobres.
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