José Ivan Martins Guedes morreu com suspeita de covid-19 no último dia 11 de maio à espera de um leito de UTI — público ou privado.
Três dias antes, ele havia sido admitido com muita falta de ar em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Fortaleza. Era 8 de maio, e a capital cearense dava início a um lockdown diante do aumento exponencial de casos e óbitos provocados pelo novo coronavírus.
Desde então, a família não fazia outra coisa senão tentar sua transferência para um hospital. Zé Ivan, como era chamado, de 61 anos, havia perdido o plano de saúde fazia pouco tempo, e os familiares decidiram que juntariam as economias para tentar interná-lo na rede particular.
Mas não havia vagas.
"Todos os hospitais privados pra que liguei não estavam recebendo ninguém 'particular', só pelo plano", conta a nora Rosy Guedes.
No início de maio, quatro hospitais privados da capital cearense fixaram
avisos na entrada do pronto socorro comunicando a impossibilidade de receber novos pacientes, diante da alta demanda.
Naquele mesmo período, a prefeitura instalava contêineres frigoríficos em um hospital público e em 5 UPAs para receber os corpos de vítimas do novo coronavírus à espera do serviço funerário, que operava no limite.
Desde 29 de abril, mais de 500 pessoas com covid-19 morreram em Fortaleza em unidades básicas, em tese preparadas para receber apenas casos de baixa e média complexidade.
O número corresponde a quase 20% do total de óbitos por covid-19 na região.
Fonte: BBC Brasil
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