Muitos eleitores não conhecem a
história da ex-senadora e pré-candidata à Presidência, Marina Silva,
especialmente os mais jovens. Para começar, falaremos de sua vida pessoal.
Marina nasceu em 8 de fevereiro
de 1958 em uma pequena comunidade chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, no
Acre. É irmã de 8 pessoas, 6 irmãs e um único irmão. Seus pais tiveram 11
filhos, porém 3 morreram muito cedo. Sua mãe, Maria Augusta da Silva, morreu
quando ela tinha apenas 15 anos e foi criada por seu pai, Pedro Augusto da
Silva, o qual ela sempre se referia como "Seu Pedro", que morreu no
começo deste ano. A criação de Marina foi dura e difícil, com poucos recursos,
sua família enfrentou situações de extrema pobreza, chegando até a passar fome.
Na adolescência, Marina sonhava
em ser freira, porém, por ser analfabeta, o sonho estava distante. Foi então
que começou sua primeira batalha: a luta contra o analfabetismo. O embate foi
duro para ela: contraiu aos 16 anos hepatite (a primeira das 3 que foi
acometida). Seu histórico de saúde ainda inclui 5 malárias e 1 leishmaniose.
Foi para a capital do Acre, Rio Branco, buscar tratamento para sua doença e se
empenhou nos seus estudos, onde fez o mobral e supletivo de primeiro e segundo
grau. Para isso, ela teve que trabalhar como empregada doméstica. Assim, Marina
acabou conquistando sua primeira vitória: sua alfabetização aos 16 anos.
Foi a partir daí que Marina
começou o seu grandioso crescimento acadêmico. Fez licenciatura em História
pela Universidade Federal do Acre, e, mais tarde, fez suas pós-graduações em
Psicanálise pela Universidade de Brasília e em Psicopedagogia pela Universidade
Católica de Brasília.
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A sua vocação social foi
descoberta enquanto ela ainda era alinhada à Igreja Católica, mais precisamente
à Teologia da Libertação. Ela começou a participar das atividades das
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e decidiu fazer um curso de liderança
sindical rural, ministrado pelo teólogo Clodovis Boff e pelo líder seringueiro
Chico Mendes. Sua dedicação ao curso a aproximou de Chico Mendes, que passou a
lhe enviar publicações de sindicatos de trabalhadores rurais.
A partir daí abandonou seu sonho
de ser freira e voltou-se completamente para a militância ambiental e social no
seu estado, o Acre. Cada vez mais próxima de Chico Mendes, participou dos
chamados “empates”, tática de resistência contra o desmatamento do qual
participavam os seringueiros, suas mulheres, seus filhos, todos os que viviam
nos seringais. De mãos dadas, eles faziam uma corrente que impedia a destruição
da floresta.
Marina começou sua trajetória
política ajudando Chico Mendes a fundar a CUT no Acre em 1984, se filiando ao
PT. Após o trágico assassinato de seu mentor e já filiada a um partido, se
lançou candidata à deputada estadual, sendo a quinta mais votada na sua
primeira experiência política. Porém, não foi eleita, pois o partido não
alcançou o quociente eleitoral mínimo exigido. Ela já afirmou que entrou para o
PT por causa da sua militância em favor das minorias (seringueiros, índios,
negros, etc).
Após sua primeira eleição, se
candidatou novamente, dessa vez como vereadora pela capital acreana, Rio
Branco, eleita com a maior votação daquele ano. Uma de suas primeiras
manifestações foi devolver o dinheiro de gratificações, auxílio-moradia e
outras mordomias que os demais vereadores recebiam sem questionamento. Com atos
como esse, atraiu adversários políticos e ao mesmo tempo reconhecimento popular, que se manifestou na
eleição seguinte.
Marina se casou com Fábio Vaz de
Lima em 1986, ano em que se filiou ao Partido dos Trabalhadores. O casal está
junto até hoje.
Além de professora e política,
Marina também é mãe. Ela tem 4 filhos. As três mulheres: Shalon, Moara e
Mayara. E o único filho: Danilo.
Em 1990 disputou novamente o
cargo de deputada estadual e conseguiu se eleger, tendo novamente votação
recorde.
Após 10 anos de início da sua
vida pública, Marina decidiu dar um salto em sua trajetória. Em 1994 ainda pelo
PT, se lançou senadora no estado do Acre, sendo a mais jovem senadora eleita da
história do Brasil (36 anos). Em 1996 Marina Silva recebeu o "Prêmio Goldman
de Meio Ambiente" pela América Latina e Caribe, nos Estados Unidos. O
prêmio também é conhecido como o "Nobel do Meio Ambiente".
No Senado ela apresentou mais de
100 projetos (que podem ser acessados no site federal), beneficiando o
desenvolvimento sustentável (foi a primeira voz a defender a importância de o
governo assumir metas para redução das emissões de gases do efeito estufa) e
assegurando os direitos sociais daqueles que ela jurou proteger (as minorias).
Em 1997, Marina abandonou o
catolicismo e se declarou protestante, religião que segue até hoje.
Com seu ótimo desempenho no
Legislativo (sendo inclusive reeleita em 2002), foi convidada em 2003 pelo
então presidente Lula para ser sua ministra do meio ambiente. No MMA
(Ministério do Meio Ambiente) ela ajudou na transposição do Rio São Francisco,
na criação da maioria das reservas naturais do país e na demarcação de terras
indígenas.
Além disso, em seu período no
Executivo os índices de desmatamento caíram em mais de 50%, marca que levou a
ex-senadora a ganhar em 2007 o maior prêmio ambiental do mundo, o
"Champions of the Earth" concedido pela ONU.
Em 2008 recebeu o "Eco &
Peace Global Award", entregue durante a ECO 2008, Conferência Mundial
sobre Meio Ambiente e Cultura da Paz, realizada em Brasília. Pela criação do
Programa de Áreas Protegidas da Amazônia Regional, Marina foi premiada com o
"The Duke of Edinburgh's Award", da ONG internacional WWF.
Marina foi lembrada pela Fundação
Príncipe Albert II de Mônaco e recebeu o "Prêmio sobre Mudança Climática",
também por causa de sua atuação na área e pelas iniciativas para criar um
desenvolvimento sustentável. No governo do presidente Lula, Marina buscou
transformar a questão ambiental em uma política de governo, para que se
quebrasse o tradicional isolamento da área.
Também em 2008, a então ministra
Marina Silva foi colocada pelo jornal britâncio The Guardian como uma das 50
pessoas capazes de salvar o planeta. No texto dedicado a Marina Silva, o jornal
destacou a sua história como “filha de um seringueiro brasileiro, passando sua
infância coletando látex da floresta amazônica e protestando contra a
destruição provocada pelos madeireiros ilegais”. “Em uma das grandes histórias
políticas, ela passou de analfabeta aos 16 anos à mais jovem senadora do Brasil
e agora é a mulher mais capaz de prevenir a total ruína da Amazônia”, dizia o
texto. O jornal comentou que, sob sua gestão no ministério, o desmatamento na
Amazônia caiu 75%, e vastas áreas de floresta foram destinados a comunidades
indígenas. Marina foi a única latino-americana da lista.
Após divergências com o PT no
quesito desenvolvimento sustentável (causa que o partido nunca foi forte até a
chegada de Marina no MMA), ela saiu do ministério em 2008 (foi ministra por 5
anos e 3 meses), ficando mais um ano como senadora pelo PT (foi senadora por 16
anos) e se desfiliando em 2009.
Quando ela saiu do PT declarou em
seu comunicado oficial de desfiliação que o motivo foi exatamente por não
concordar com os rumos que o partido estava tomando. Por isso foi para o PV,
partido em que enxergou a luta pela causa ambiental e que compactuava com os
projetos de desenvolvimento sustentável que Marina defendia. Assim, começou a
se estruturar para se lançar pela primeira vez candidata à Presidência, por um partido que era até então desconhecido no
cenário eleitoral nacional.
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Em 2009, Marina recebeu em Oslo,
na Noruega, o prêmio "Sophie", da Sophie Foundation. Também naquele
ano ela foi listada como uma das pessoas mais influentes do Brasil pela Revista
Época.
Como Marina já era muitíssimo
conhecida por suas origens sociais (seringueira, negra, pobre e analfabeta até
os 18 anos) e por sua superação, decidiu concorrer à Presidência em 2010. O
objetivo de sua candidatura era promover um acordo social no Brasil que
integrasse avanços dos governos passados e apontasse para uma economia de baixo
carbono.
Em 2010, a jornalista Marília de
Camargo César escreveu e lançou o livro "Marina – A Vida por uma
Causa", com prefácio do cineasta Fernando Meirelles (que apoia a
ex-senadora até hoje).
O restante da história já
conhecemos: com 1 minuto de TV angariou 19 milhões de votos no primeiro turno,
cerca de 19% das urnas naquele ano. Foi o melhor desempenho de um terceiro
colocado desde a redemocratização do país.
Depois, no segundo turno,
apresentou suas propostas para os candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff
(PT), para que suas ideias de desenvolvimento sustentável fossem inclusas no
plano de governo dos candidatos. Somente após isso ela concordaria com um apoio
concreto. Com a decisão de ambos os candidatos de recusar os termos
apresentados por Marina, ela se manteve neutra no segundo turno.
No final de 2010, a Revista Época
colocou novamente Marina Silva como uma das 100 personalidades mais influentes
do Brasil.
Em março de 2011 o perfil de
Marina Silva no Twitter ganhou o prêmio "Shorty Awards", considerado
pelo The New York Times como o "Oscar do Twitter".
No dia 27 de julho de 2012,
Marina carregou a bandeira olímpica na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres,
junto com Ban Ki-moon, o maestro argentino Daniel Barenboim e ganhadores do
prêmio Nobel. A escolha de seu nome, segundo o Comitê Olímpico Internacional,
ocorreu em razão de sua importância na defesa do meio ambiente e do
desenvolvimento sustentável.
Em 2013, Marina foi novamente
eleita pela Revista Época como uma das 100 personalidades mais influentes do
Brasil e foi incluída em uma lista de 10 brasileiros que foram notícias no
mundo naquele ano, elaborada pela BBC Brasil.
Com o excelente resultado de
campanha pouco estruturada e com muitos voluntários, Marina então decidiu criar
um partido para concorrer às eleições de 2014. Começou então a luta pela Rede
Sustentabilidade.
Juntando os voluntários da
campanha de 2010 e mais milhares de simpatizantes novos, Marina foi às ruas
apresentar à população um projeto de renovação política. Colhendo milhares de
assinaturas por todo o país, foi ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para
registrar o partido, porém o mesmo rejeitou a criação da Rede em 2013 alegando
que faltaram assinaturas para a criação (cerca de 50 mil), porém, mais de 95
mil assinaturas foram rejeitadas sem justificativas pelos cartórios, o que
gerou extrema indignação por parte de todos que lutaram pelo projeto.
Com isso, Marina mudou os planos
e se filiou ao PSB, sendo vice de Eduardo Campos em 2014. O resto dessa
história também já conhecemos: com 2 minutos de TV e fazendo novamente uma
campanha inferior a do PT e do PSDB no quesito estrutura econômica, mas com a
apresentação de um programa de governo que começou a ser idealizado e debatido
1 ano antes das eleições com todos os setores da sociedade. Cerca de 6 mil
pessoas participaram da criação do programa de governo apresentado por Marina
em 2014.
Entretanto, a campanha de modo
geral contou com uma diferença gritante: Marina liderava todas as pesquisas
semanas antes das eleições, com isso, PT e PSDB se uniram para fazer "a
campanha mais suja da história política do Brasil", como muitos
especialistas hoje afirmam.
Marina foi alvo de ataques
racistas, alvo de preconceito religioso, alvo de mentiras (como quando foi
acusada de retirar o alimento das famílias mais pobres para financiar os
banqueiros). Isso tudo e mais um pouco (que causa náuseas ao comentar) a
tiraram do segundo turno.
Porém, mesmo com toda a enxurrada
de mentiras e preconceitos, ela conseguiu aumentar o alcance político nas
camadas mais pobres e nas camadas mais escolarizadas, principalmente entre os
mais jovens, obtendo 22 milhões de votos, cerca de 21% dos votos válidos
daquelas eleições.
No segundo turno apoiou o
candidato tucano com a seguinte condição: que ele assinasse uma
carta-compromisso concordando com todos os termos ambientais e sociais que
Marina indicou (como a manutenção do Bola Família e a demarcação de terras
indígenas). Sob esses termos, apoiou Aécio Neves no segundo turno.
No final de 2014 esteve novamente
entre as 100 personalidades do ano, pela Revista Época. O jornal britânico
Financial Times elegeu também naquele ano a ex-ministra Marina Silva como
"A Mulher do Ano" (Women of 2014). Ela também foi premiada no final
de 2014 com o troféu “Personalidade do Ano” no Prêmio MasterCana Brasil.
Em 2015, Marina recebeu uma série
de prêmios e homenagens, sendo homenageada em Harvard no Dia Internacional da
Mulher na exposição “Inspiring Change, Inspiring Us” (Inspirando mudanças,
inspirando todos nós). Recebeu também o "Sustainable Standard-Setter Award",
prêmio concedido pela Rainforest Alliance, organização internacional que
desenvolve em todo o mundo ações para a promoção da agricultura sustentável,
silvicultura e turismo, permitindo garantir meios de subsistência sustentáveis
e conservação da biodiversidade.
No dia 22 de setembro de 2015, o
TSE aprovou a criação da Rede Sustentabilidade. Foi então que Marina começou
uma nova luta, sendo pioneira neste caso: a renovação política nacional.
De lá pra cá a Rede adotou uma
série de medidas políticas inovadoras: apoio às candidaturas independentes (que
não precisam de filiação partidária para concorrer às eleições), os termos
"porta-vozes" para se dirigir ao presidente e ao vice do partido
(sempre um homem e uma mulher, um mais experiente e um mais jovem) e também
colocou em seu estatuto a proibição de apoio à partidos e candidaturas que
tenham casos de corrupção embutidos em seus respectivos núcleos ou chapas. O
partido também foi quem pediu a cassação do ex-senador Delcídio do Amaral (PT)
e do senador Aécio Neves (PSDB).
No dia 3 de novembro de 2016, a
ação que impede réus de ocuparem a linha sucessória da Presidência foi aceita
pelo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a autoria do projeto foi da Rede. Com
base nessa vitória, em dezembro de 2016 o partido pediu o afastamento de Renan
Calheiros do cargo de presidente do Senado. Em 5 de dezembro de 2016, o
ministro do STF Marco Aurélio Mello decidiu em liminar afastar Renan Calheiros
da presidência do Senado, atendendo o pedido da Rede Sustentabilidade.
Em 2017, o partido lançou a
campanha "Operação Lava-Voto", nome em alusão à Operação Lava-Jato,
com o objetivo de estimular os eleitores a votar apenas em candidatos sem
escândalos de corrupção. Nesse ano o partido foi um dos grandes apoiadores do
julgamento da chapa Dilma-Temer, pedindo a cassação da chapa com base nas
investigações policiais que apontavam irregularidades no financiamento da
campanha dos mesmos em 2014, convocando novas eleições.
Recentemente, a Rede
Sustentabilidade foi o primeiro partido a assinar os termos de compromisso com
o TSE para combater as fake news nas eleições de 2018 (ferramentas que fizeram
"derreter" a candidatura de Marina Silva, como declarou recentemente
o presidente do órgão, ministro Luiz Fux).
Agora, Marina se lança pela
terceira vez à Presidência, com um discurso e uma postura mais segura, mais
firme e com vasta experiência política. Talvez tudo isso se faça mais
incontestável pelo fato da ex-senadora ser ficha-limpa em todos os seus mais de
30 anos de vida pública e também pelo seu protagonismo em mais de 9 anos de
destaque nacional.
Entretanto, como sempre, a
pré-candidata tem pela frente as dificuldades políticas: 10 segundos de TV se
for somente com a REDE para a campanha, inexpressivo poder econômico partidário
e tendo pela frente os velhos inimigos políticos com suas grandes estruturas.
Apesar das barreiras do sistema
político, parece que nada impede seu crescimento nas pesquisas. O último
levantamento do instituto Datafolha revelou que a ex-ministra do meio ambiente
está tecnicamente empatada no primeiro lugar com o deputado federal Jair
Bolsonaro (PSL) quando o ex-presidente Lula (PT) não aparece como opção de voto
(isso porque Lula foi condenado em segunda instância em janeiro deste ano e
está enquadrado na Lei da Ficha-Limpa).
Sendo assim, a pré-candidata tem
grandes chances de passar pela primeira vez do primeiro turno em 3 eleições
presidenciais que disputa. Nas simulações de segundo turno sem Lula feitas pelo
Datafolha, Marina ganha de todos os seus adversários, inclusive Bolsonaro.
A candidata já afirmou que estas eleições
redefiniram o quadro social, político e econômico do país. Também já declarou
que a sua campanha será como a história bíblica de Davi e Golias (o que de fato
podemos concordar, visto toda a trajetória e as projeções para a campanha).
Resta apenas saber se o povo brasileiro vai comprar a ideia de Marina Silva e
fazer o que ela sempre desejou e declarou: redemocratizar a democracia
brasileira e refundar a nossa República.
Marina Silva 18 nossa candidata a
presidente do Brasil
Fonte: MarinaSilvaPresidente2018
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