A
oposição à família Sarney no Maranhão antecipou a eleição estadual de 2014 e
lançará hoje em
Imperatriz, a pré-candidatura do presidente da Embratur, Flávio
Dino (PCdoB). O ato será as 19:00hs, no auditório
da Faculdade Atenas Maranhense, FAMA.
O
movimento, articulado pelo PCdoB, PSB e PDT, com apoio de dissidentes petistas,
tenta acabar com a hegemonia dos Sarney no Estado, que dura mais de quatro
décadas. O presidente da Embratur pretende ficar no cargo até o próximo ano,
quando terá que se desincompatibilizar para concorrer.
Segundo o pré-candidato, a campanha foi antecipada para
tentar reverter a desvantagem em relação à família Sarney, que controla a
máquina estadual. “Com essa assimetria, tivemos que entrar antes na disputa e
acelerar o debate”, afirmou Dino ao Valor Pro, serviço em tempo real do
Valor.
No
documento que será apresentado hoje, apoiadores de Dino defendem a superação do
“modelo oligárquico e coronelista” que gera “abandono e injustiça
social”.
Há
outro grupo, ligado ao PPS e a aliados da ex-senadora Marina Silva, que também
se articula contra a oligarquia estadual. Chamado de Via Alternativa Popular
(VAP), os críticos ao governo Roseana decidem no próximo ano se terão
candidatura própria ou se irão se unir a Dino.
O
desafio da oposição no Estado não é pequeno. A oligarquia dos Sarney só foi
derrotada em 2006, quando a candidatura de Jackson Lago (PDT) conseguiu unir a
oposição no segundo turno e venceu a eleição estadual. Lago, no entanto, foi
cassado pela Justiça Eleitoral em 2009 por abuso político e econômico, depois de
a candidatura de Roseana apresentar recurso. Roseana assumiu e reelegeu-se em
primeiro turno para seu quarto mandato como governadora em 2010: teve 50,08% dos
votos válidos, em uma disputa contra Dino e Lago, morto em
2011.
Para o deputado federal Domingos Dutra (PT), um dos
principais críticos à família Sarney, as dificuldades para derrotar o grupo
começam dentro da própria oposição. “Ter mais de uma candidatura de oposição não
é algo negativo. Até ajuda a ter segundo turno. Mas hoje há um vazio consistente
da oposição, enquanto o grupo político de Sarney continua muito forte, porque
está colado no governo federal”, disse. “Precisamos nos unir e fazer uma
oposição forte ao governo estadual”.
Em
2014, a família Sarney deve lançar o secretário de Infraestrutura do governo de
Roseana, Luís Fernando Silva. A governadora tem reforçado a pré-candidatura de
Silva e suas vitrines de campanha. Além dos recursos orçamentários, o secretário
terá R$ 3,8 bilhões para investir em obras viárias, de um empréstimo obtido no
BNDES.
O
presidente do diretório estadual do PMDB, Reni Ribeiro, afirmou que
historicamente vence no Maranhão quem está no poder. “Sempre quem está
governando tem poder de fogo”, disse.
O
PT deve manter-se alinhado com os Sarney em aliança costurada entre o senador
José Sarney (PMDB-AP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente
Dilma Rousseff. Em 2010, o diretório estadual do PT optou por Dino, mas o
diretório nacional interveio e determinou o apoio a Roseana.
Desde 2012, Dino tenta atrair o PT e negociou a
participação da sigla na Prefeitura de São Luís, comandada por seu aliado,
Edivaldo Holanda Junior (PTC). No entanto, além da pressão do comando nacional
do PT, petistas participam da gestão Roseana, com o vice-governador e dois
secretários.
Em
2014, Lula e Dilma devem priorizar o palanque do PMDB, mesmo que haja outras
candidaturas de partidos aliados, a exemplo da eleição estadual passada. No
Estado, a aliança com o PT é importante não só para ter o maior tempo de
televisão, mas também para poder exibir a imagem do ex-presidente e da
presidente, muito fortes no Estado.
Diante desse cenário, a candidatura de Dino poderá
servir de palanque para as possíveis candidaturas do presidente nacional do PSB
e governador de pernambuco, Eduardo Campos, e da ex-senadora Marina Silva. Dutra
é um dos articuladores do Rede Sustentabilidade e deverá migrar para a legenda,
se ela for viabilizada. (Guerreiro Maranhense).
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