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domingo, 8 de maio de 2016

‘Muito orgulho’, diz ex-seringueira que formou 11 filhos no Acre


Adelcimar Carvalho
Do G1 AC


Marlene Maciel (no centro) abandonou vida no seringal para que filhos pudessem estudar (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)
Marlene Maciel (no centro) abandonou vida no seringal para que filhos pudessem estudar (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)
Quando os filhos da ex-seringueira Marlene da Costa Maciel, de 59 anos, começaram a crescer, ela e o marido não titubearam. Abandonaram a vida no Seringal Extrema, no Rio Moa, interior do Acre e se mudaram para uma propriedade rural no Ramal Macaxeiral, na zona rural do município de Cruzeiro do Sul. O objetivo do casal era permitir que os filhos pudessem estudar e ter melhores oportunidades.
Ou colocava todos na escola ou não colocava nenhum"
Marlene Maciel
Embora o marido dela, morto em dezembro de 2015, não tenha vivido o bastante para ver todos formados, o plano deu certo. Dos 14 filhos ainda vivos do casal, nove homens e cinco mulheres, apenas um não ingressou em um curso de ensino superior. Onze deles possuem formação acadêmica e outros dois estão concluindo suas faculdades.

As áreas de formação que os “meninos e meninas” de dona Marlene escolheram são diversas. Tem assistência social, letras, educação física, enfermagem, ciências contábeis, biologia, engenharia florestal, pedagogia e até medicina. Ela conta que o caminho para chegar lá, contudo, foi cheio de dificuldades.

“Meu marido dizia que ou colocava todos na escola ou não colocava nenhum. Plantamos muita roça para fazer farinha. Quem estudava de manhã trabalhava à tarde e quem estudava à tarde trabalhava pela manhã. Quem estudava à tarde saía de casa às 10h30 e só chegava às 20h”, lembra a mulher, hoje aposentada.
União fez com que parte dos filhos da aposentada escolhessem carreiras similares (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)União fez com que parte dos filhos da aposentada escolhessem carreiras similares (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)
União
Além do esforço dos pais, outro fator é apontado pela família como responsável pelo sucesso acadêmico. A união entre os irmãos, que segundo eles, é fruto das adversidades que enfrentaram.
Quem estudava à tarde esperava os irmãos chegarem da escola para pegar a roupa e o calçado"
Geovane Maciel
“Hoje a gente vê com risos, mas na época era muito sofrido. Imagino quanto minha mãe sofreu. Como não havia vestimenta para todos, quem estudava à tarde esperava os irmãos chegarem da escola para pegar a roupa e o calçado. Muitas vezes nossa mãe fazia farofa com um ovo para sete comerem. A gente nem via o amarelo da gema do ovo”, lembra o escrivão da Polícia Civil de Cruzeiro do Sul, Geovane Maciel, de 33 anos.

O laço entre os irmãos acabou se mantendo também na vida profissional de parte deles. Sete trabalham em órgãos da Segurança Pública do Estado.

"Eles sempre foram unidos. Primeiro trabalharam quatro nos Correios. Depois começaram a fazer concursos e foram passando. Hoje tenho quatro na Polícia Civil, dois no Iapen [Instituto de Administração Penitenciária] e uma no Corpo de Bombeiros. Sinto muita emoção. Isso é providência divina em nossas vidas, sinto muito orgulho dos filhos que tenho”, diz Marlene emocionada.

Perguntada se tem algum receio por causa da profissão dos sete filhos, a ex-seringueira nega. "Não tenho nenhum medo devido à profissão deles. Acho normal como qualquer outra. A gente tem que confiar em Deus e seguir a vida", argumenta.

Filho mais velho da ex-seringueira, o agente penitenciário Jerry Maciel de Souza, de 37 anos, é categórico ao dizer que o sucesso da família se deve à força da mãe.

“Temos muito orgulho de nossa mãe. Todos têm faculdade e a maioria tem bons empregos. Isso foi graças a Deus, nosso esforço, e, principalmente, o zelo de nossa mãe que sempre nos estimulou a buscar na escola nosso futuro. Nossa mãe é uma guerreira e vamos sempre estar ao lado dela", finaliza.



Marlene Maciel (no centro) com os 14 filhos na missa de sétimo dia do marido, morto em dezembro de 2015 (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)Marlene Maciel (no centro) com os 14 filhos na missa de sétimo dia do marido, morto em dezembro de 2015 (Foto: Arquivo pessoal)

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