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Festival de besteiras que assola o país

Lembra do Cabo Daciolo, aquele candidato divertidíssimo? Bom, ele diz agora que Bolsonaro não levou facada nenhuma, que tudo foi forjado pelos maçons e por uma certa Nova Ordem Mundial para fortalecer o candidato. Maçons – houve época em que era moda culpá-los por tudo. Mas o último a culpar maçons, que eu me lembre, foi o ditador espanhol Francisco Franco, há quase 50 anos. Mas devem ser poderosos, esses maçons do Cabo Daciolo: foram capazes de enganar os médicos da Santa Casa, do Sírio e do Einstein.
Depois de Eduardo Bolsonaro, Abraham Weintraub andou falando mal da China. A milícia virtual bolsonarista postou uns 30 mil tweets propondo um boicote comercial brasileiro aos chineses. Ideia notável: o PIB brasileiro é de cerca de US$ 1,5 trilhão, o da China de US$ 15 trilhões. A China importa uns US$ 60 bilhões anuais de produtos brasileiros, e exporta para nós algo como US$ 36 bilhões – dando ao Brasil um superávit de US$ 24 bilhões. É o maior parceiro comercial do Brasil, um dos maiores produtores de material para combate ao coronavírus. Em resumo, um adversário escolhido a dedo (o dedo com que Weintraub escreve “insitar” e se refere ao escritor “Cafta” – que deve ser aquele antigamente conhecido como Kafka). Aliás, ao falar mal dos chineses, Weintraub tentou imitar Cebolinha, o ótimo personagem de Maurício de Souza. Um personagem de quadrinhos. E ele imitou errado.
Cá entre nós, não conseguir imitar o jeito do Cebolinha falar é meio muito.
Lá vem o seu China…
Quando a Vale do Rio Doce decidiu doar 500 mil máscaras protetoras ao Brasil, onde é que foi buscá-las? Na China. O teste para coronavírus também vem de lá. A China investe no Brasil em carros e ônibus, e participa de projetos de engenharia de mobilidade urbana. Há uns cinquenta e poucos anos, o grande Stanislaw Ponte Preta criou o Febeapá, Festival de Besteiras que Assola o País. O título desta coluna é copiado dele. O Festival continua.
…na ponta do pé…
Negociar com os chineses é questão de negócios, não de ideologia. Trump não gosta da China mas negocia com eles. Mas aqui as coisas estão ficando bestificantes. Defender o uso de cloroquina e hidrocloroquina no tratamento da pandemia é prova de bolsonarismo; esperar o resultado dos testes que são feitos atualmente é prova de deslealdade ao 000. Defender a quarentena é ir contra Bolsonaro e a favor de Doria.
Daqui a pouco vão politizar a comida: rúcula é de esquerda, alface é de direita, e envídia, óbvio, é coisa de fresco.
…lig lig lig…
Uma curiosidade dos tempos do comunismo: quem discordava de Stalin, o poderoso dirigente da União Soviética, era sempre acusado de ser traidor desde 1917, ano da revolução comunista. A tragédia se renova hoje como farsa: Mandetta, o ministro da Saúde, foi acusado por bolsonarista de uma série de irregularidades em toda a sua vida política e administrativa.
Pergunta-se: por que, então, Bolsonaro o nomeou para o Ministério?
…lig lig lig lé
E há a estupenda confissão de Osmar Terra, candidato (embora o negue) ao posto de Mandetta, que acabará saindo cedo ou tarde. Terra foi secretário da Saúde do Rio Grande do Sul no governo de Yeda Crusius, PSDB, e teve de enfrentar duas epidemias. Ele mesmo conta: uma foi de febre amarela, embora já existisse vacina para febre amarela. A epidemia começou na região argentina
da fronteira com o Brasil, mas os argentinos não o avisaram e ele não soube de nada. A outra foi de gripe suína, que atingiu tanto a Argentina quanto o Uruguai, e ele também não soube de nada. Como não sabia o que se passava ao lado, só agiu quando as epidemias cruzaram a fronteira.
Ele conta essa história para mostrar que tem experiência em lidar com epidemias.
Os autores
Os títulos vêm de Lig Lé, de Osvaldo Santiago e Paulo Barbosa.
7×1
Inacreditável: o Governo Bolsonaro estava sendo louvado no Brasil e no Exterior pela competência com que enfrentava uma tremenda crise na Saúde. Um ministro discreto, Mandetta, conseguiu articular o ministério, a OMS, os parlamentares, os governadores, fossem de situação ou oposição, para traçar os rumos do combate à pandemia. Esta atuação foi aprovada por 77% da população.
Bolsonaro, em vez de surfar no êxito, preferiu se irritar com o êxito de Mandetta, que era seu amigo pessoal. Resultado: Mandetta ficou com os 77% e Bolsonaro com 36%. Pior: tentou politizar a crise e ditar quais remédios deveriam ser usados. Anunciou a demissão de Mandetta. E não conseguiu demiti-lo. Talvez a história de que Bolsonaro seja hoje uma rainha da Inglaterra, sem poder algum, e que o general Braga Netto seja o chefe de fato do Governo, não seja fantasiosa.
Parece que o poder trocou de mãos.
31/12
A partir do dia 31 de dezembro, se por algum motivo o presidente se afastar, o vice assume e cumpre o restante do mandato, automaticamente.
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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