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A maior bomba atômica da Coreia do Norte deforma uma montanha e revela seus segredos

Fornecido por El Pais Brasil Kim Jong-un, o segundo a partir da direita, celebra depois de um teste de mísseis de longo alcance, em uma imagem divulgada em 16 de setembro de 2017
Há bombas que movem montanhas. Literalmente. Em 3 de setembro de 2017, foi detectado um movimento sísmico de 6.3 na Coreia do Norte, seguido de outro de menor magnitude oito minutos e meio depois. A ditadura de Kim Jong-un confirmou que havia detonado uma bomba nuclear, provavelmente em suas instalações de Punggye-ri, um emaranhado secreto de túneis e câmaras escavados sob o monte Mantap, onde já haviam sido testados outros cinco artefatos atômicos desde 2006. O anúncio fez soarem todos os alarmes por se tratar de uma detonação 10 vezes mais potente que as anteriores. O segundo tremor pode ter sido o desmoronamento dos túneis, embora os dados dos detectores sísmicos não bastassem para saber o que exatamente havia acontecido.
“A explosão foi tão grande que os sinais sísmicos eram muito diferentes de todos os anteriores, o que tornou muito difícil localizar a posição exata”, explica Steven Gibbons, geofísico da Norsar, na Noruega, uma rede sísmica que participa do Tratado de Proibição Completa dos Ensaios Nucleares. “As ondas sísmicas avançam pelo terreno a milhares de metros por segundo. Medir a distância entre
duas delas na mesma montanha, a apenas centenas de metros entre si, significa que temos que medir com precisão diferenças de milésimos de segundo, o que pode ser impossível, sobretudo quando há múltiplos ecos produzidos pelas encostas da montanha”, acrescenta.
Passados oito meses, o regime da Coreia do Norte deu passos para um possível desarmamento nuclear, mas o trabalho detetivesco sobre a potência real de suas armas não cessou. Um novo estudo publicado nesta quinta-feira, dia 10, aborda o problema graças a imagens de radar tomadas pelo satélite alemão TerraSAR-X. Os resultados, publicados na Science, indicam que a explosão abalou o monte Mantap até 3,5 metros no plano horizontal, um efeito que pode ser observado claramente nas imagens divulgadas pela Airbus, fabricante do satélite.
Com base nessa deformação do terreno, pesquisadores da China, Alemanha, Estados Unidos e Cingapura estimam que a explosão se deu a 450 metros de profundidade e teve uma potência média de 212 quilotons, equivalente a 16 bombas como a que os EUA lançaram em Hiroshima em agosto de 1945.
“É a primeira vez que se aplica esta técnica de imagem de radar para esclarecer explosões nucleares subterrâneas”, explica Shengji Wei, sismólogo da Universidade Tecnológica de Nanyang (Cingapura) e coautor do estudo. “Quatro dos cinco testes nucleares prévios da Coreia do Norte foram relativamente pequenos e não produziram deslocamento observável. O quarto, que se realizou em janeiro de 2016, produziu um deslocamento de 15 centímetros que se observou usando interferometria de satélite radar. Desta vez não pudemos empregar essa técnica porque a deformação era muito maior”, explica. Neste caso os pesquisadores mediram o deslocamento de cada píxel nas imagens de radar, que reconstituem o monte em três dimensões. Os dados mostram que o Mantap, de 2.205 metros, afundou meio metro depois da explosão, o que reforça a possibilidade de que o sistema de túneis tenha vindo abaixo. O estudo indica que o segundo evento ocorreu uns 700 metros ao sul do ponto da explosão, na direção de uma das entradas do complexo. “O afundamento observado é relativamente pequeno e não parece que tenha aberto uma cratera visível, de modo que a probabilidade de que haja uma fuga importante de material radioativo é relativamente pequena, embora seja preciso esperar para ter mais provas diretas por meio da medição de gases radioativos”, afirma Wei.
Este tipo de imagem de radar é usado há mais de duas décadas para estudar terremotos ou erupções vulcânicas que causam deformações muito maiores, mas o avanço da resolução dos novos satélites e o aumento da potência nuclear da Coreia do Norte permitiram aplicá-lo à vigilância nuclear, explicam José Fernández, perito em geodésia do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC, na sigla em espanhol), e Pablo González, geofísico da Universidade de Liverpool. “Esta é uma aplicação muito nova e importante, sobretudo aplicada a um país que não é fácil de observar com outros meios, e demonstra que se pode determinar com bastante precisão o que é que aconteceu”, opina Fernández. Entretanto, esse método de vigilância também tem limitações, já que se baseia em modelos do interior da montanha que podem ter uma margem de erro de uns 150 metros na profundidade, observa González. O trabalho reforça a ideia de que em 3 de setembro houve dois eventos, “primeiro uma explosão e depois uma implosão e desmoronamento interno da montanha, mas ainda haverá muito debate sobre onde exatamente sucedeu esse segundo evento”, comenta Gibbons. É uma pergunta crucial para saber se a base continua operacional.

A ilha que sofreu a maior explosão subterrânea da história

Os testes nucleares subterrâneos se tornaram comuns em 1963, depois da proibição das deflagrações ao ar livre. Em 1971, os EUA provocaram a maior explosão nuclear subterrânea da história em Amchitka, uma ilha do Alasca sob a qual detonaram uma bomba de cinco megatons, centenas de vezes mais potente do que as usadas na 2º Guerra Mundial. Em 1996, entrou em vigor o Tratado de Proibição Completa dos Ensaios Nucleares. EUA, China, Israel, Irã, Índia, Egito, Paquistão e Coreia do Norte não o ratificaram. A cerca de 100 quilômetros do monte Mantap está o monte Paektu, um vulcão ativo com uma lagoa no cume que poderia transbordar e causar um desastre na Coreia do Norte e na vizinha China. Alguns meios de comunicação alertaram que as explosões nucleares poderiam provocar sua entrada em erupção, apesar de tudo indicar que é um medo infundado. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, não há provas de que os ensaios nucleares subterrâneos causem terremotos ou erupções. Os mais de 600 ensaios desse tipo realizados em Nevada não tiveram nenhum impacto desse tipo, nem tampouco o teste 'Cannikin' em Amchitka, apesar de terem sido feitos em uma zona sísmica com vulcões ativos, recorda a entidade.
Fonte: El País

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