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Lava-Jato: três meses após sua morte, Marisa Letícia foi transformada às pressas em “laranja” de Lula

(André Dusek – Estadão)
Que no depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, o ex-presidente Lula faltaria com a verdade na maior parte do tempo todos sabiam, mas chamou a atenção a desfaçatez e a tranquilidade com que o petista transferiu à ex-primeira-dama a responsabilidade pelo escândalo do triplex em Guarujá.
Lula sentiu-se à vontade para dar ao imbróglio uma versão previamente acertada com seus caros advogados, como se a Polícia Federal e os procuradores da República não soubessem a verdade após exaustiva investigação.
No momento em que o ex-presidente arrasta para o olho do furacão a mãe de seus filhos, fica claro não apenas que no caso em questão prevaleceu a covardia, até porque morto não
fala, mas que no âmbito do governo Dona Marisa tratava de assuntos nada republicanos com muita desenvoltura. O que significa que Marisa sabia do esquema de corrupção que marcou a era petista. Pelo menos é isso que Lula e outros depoentes dão a entender.
O que para muitos pode parecer estranho, para quem acompanhou os depoimentos na esfera da Lava-Jato não é surpresa. Marisa Letícia foi acusada por delatores da Odebrecht de ter solicitado à empreiteira a realização de obras no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo, cuja propriedade Lula nega de forma peremptória, pelo menos por enquanto.
De acordo com Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração do grupo empresarial baiano, Marisa, durante evento no Palácio do Planalto, pediu a Alexandrino Alencar, ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, um “favor” (a reforma no sítio) que custou aproximadamente R$ 1,1 milhão. Emílio concordou com o pleito e determinou que a obra, dentro do possível, fosse sigilosa. Como nenhum integrante do governo pode receber presentes ou mimos acima de R$ 100, a saída foi colocar Marisa no circuito da ilegalidade (para ser econômico nas palavras).
De acordo com o próprio Emílio Odebrecht, a então primeira-dama disse que Lula não sabia do pedido e que a obra deveria estar finalizada até 15 de janeiro de 2011. Dias mais tarde, em 31 de janeiro de 2010, em encontro no Palácio do Planalto, Emílio informou Lula sobre o andamento da obra no polêmico sítio. Ou seja, Lula sabia da obra, mas nada respondeu ao interlocutor.
Contudo, Marisa Letícia não está a carregar a culpa apenas pela reforma no sítio. A senhora Lula da Silva foi acusada pelo pecuarista José Carlos Bumlai de tê-lo procurado para viabilizar a compra do terreno onde seria erguida a sede do Instituto Lula. Sem condições financeiras, Bumlai procurou Marcelo Odebrecht, que por sua vez autorizou a aquisição do imóvel, que também é alvo de investigação na Lava-Jato.
A sensação de impunidade era tamanha, que Marisa Letícia, segundo os depoimentos prestados até agora, interessou-se pelo apartamento triplex em Guarujá, mesmo detestando praia, de acordo com declarações do dramaturgo do Petrolão. E a mesma Marisa solicitou ao empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, algumas modificações no apartamento praiano, como, por exemplo, a instalação de um elevador e a construção de uma sauna.
Lula chamou o apartamento de 260 metros quadrados de triplex “Minha Casa, Minha Vida”, mas disse que sua mulher voltou ao imóvel porque poderia estar interessada em fazer negócio. Ninguém que goza de bom senso e conta raciocínio minimamente razoável exige a instalação de elevador em um apartamento na praia se o objetivo final é fazer negócio.
Há declarações desconexas nessa epopeia criminosa. Lula disse, tempos atrás, que Marisa Letícia estava desgostosa com as dificuldades enfrentadas por ela e seus familiares a partir dos desdobramentos da Operação Lava-Jato. Três meses após sua morte, em decorrência de acidente vascular cerebral hemorrágico, Marisa torna-se culpada pelas trapalhadas do marido.
Marcelo Odebrecht, Emílio Odebrecht, Alexandrino Alencar e Léo Pinheiro aderiram à delação e por isso só podem dizer a verdade. José Carlos Bumlai, o homem que tinha passe livre no Palácio do Planalto, vem revelando detalhes impressionantes do maior esquema de corrupção de todos os tempos. Lula precisa da mentira para tentar evitar condenações, enquanto que Marisa Letícia não tem como se defender das acusações que lhe fazem.
Tão estabanada estratégia certamente é fruto da conjunção de mentes maquiavélicas que buscam enganar a Justiça e ludibriar a opinião pública. Trata-se de um enredo macabro e bandoleiro que tem todos os ingredientes para acabar mal. Lula sabe disso.

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