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Cidade mais ‘dilmista’ é do Maranhão e está no pódio da miséria. Esta cidade é Belágua.

Rodrigo Bertolotto
Do UOL, em Belágua (MA)
Os milhares de turistas que visitam as águas cristalinas e as areias brancas dos Lençóis Maranhenses mal sabem que, rio acima, as mesmas águas são a diversão de centenas de crianças que vivem em uma das campeãs da miséria no Brasil.
Algumas das nascentes que formam o rio Preguiças, portão de entrada do parque nacional que é o cartão-postal paradisíaco do Maranhão, estão no município de Belágua, que fica distante 100 quilômetros ao sul e a anos-luz em relação ao padrão de vida dos visitantes.
Belágua lidera vários rankings nacionais. O mais recente foi divulgado em 5 de outubro ultimo: foi o município que deu a maior vitória para Dilma Rousseff (PT) noprimeiro turno: 92%, contra 4% de Marina Silva (PSB) e 2% de Aécio Neves(PSDB).
Fora isso, a cidade aparece no pódio das piores rendas per capita do país, segundo o IBGE. Por lá, as pessoas vivem com R$ 146 mensais. Só outras duas localidades maranhenses, Marajá do Sena e Cachoeira Grande, têm rendimento inferior, pelos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Cidade fica em região próxima aos Lençóis Maranhenses, local mais turístico do Estado
A cidade também é medalha de bronze entre os de municípios com maior porcentagem de miseráveis dentro de sua população, em lista elaborada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Por lá, 93% vivem abaixo da chamada linha da miséria (em regra, a marca é de R$ 70 mensais), número só superado pelas cidades de Centro do Guilherme (MA) e Jordão (AC).
Pelos dados do governo federal, Belágua também está no top 10 do Bolsa Família. O município tem 96% de suas famílias cobertas pelo programa de transferência de renda, ocupando o oitavo posto nesse ranking nacional. São 1.814 famílias beneficiadas do total de 6.524 habitantes locais.
O município maranhense mais parece uma vitrine dos programas criados nos 12 anos em que o PT está no poder, o que mostra que a situação política é um pouco mais complexa que associar só o Bolsa Família aos bolsões de votos em Dilma.
A localidade foi iluminada pelo programa Luz Para Todos. Seus jovens fizeram ou querem fazer os cursos dos programas Pronatec e Mais Educação. Muitos moradores já se inscreveram no Minha Casa, Minha Vida. Os doutores cubanos do Mais Médicos não chegaram até lá, mas dois deles atendem na vizinha cidade de Urbano Santos, a 15 quilômetros de distância.

“Eu sou pidão mesmo: precisamos de mais benefícios. Afinal, aqui é a terra em que a Dilma tira mais votos. Somos agradecidos por tudo, mas nossa presidente tem que retribuir também”, reclama o professor Raimundo Nascimento, que já foi vereador em dois mandatos pelo PMDB e se filiou ao PT neste ano. Na verdade, Belágua é a bicampeã nacional em dilmismo. Já em 2010 deu o melhor percentual de votos para Dilma: os mesmos 92%.
O município, distante 283 quilômetros da capital São Luís, foi criado em 1994 junto com outros 77 por decisão da Assembleia Legislativa do Maranhão. Surgiu sem um único telefone, sem carteiro, sem policial, farmácia ou água encanada. A maioria das casas tinha paredes de adobe cobertas com palha.
Hoje em dia, muitas casas ainda são assim. Mas há antenas parabólicas decorando os quintais. Os jegues, substituídos pelas motos como meio de transporte, circulam sem dono pela cidade. E o comércio local cresceu por conta do dinheiro do Bolsa Família em circulação.
O lavrador Raimundo de Souza ganha R$ 300 mensalmente pelos dois filhos na escola. “É pouco, mas é muito. Sabendo usar, dá para viver”, define suas finanças. Ele tem uma plantação de mandioca e fabrica farinha para vender. Além disso, cria galinhas e porcos e pesca no rio próximo para conseguir proteína. Quando não tem o que comer, mata a fome com chibé, mistura de farinha de mandioca, cheiro verde e água.
“A cidade é pobre porque não tem uma empresa, uma fábrica. Mas a gente não morre de fome porque aqui dá de tudo”, opina Nascimento. Água não falta, mas o solo arenoso por vezes atrapalha a safra. A economia é de subsistência.
“Nem a prefeitura contrata as pessoas daqui, porque muitos são analfabetos e não passam nos concursos. Acabam pegando gente que vive em outros municípios”, conta a professora Rosimar Souza.
As crianças, que geram rendimento para suas famílias, brincam nos rios, como em uma cena idílica de infância feliz. Mas ela esconde uma miséria que não acaba, só sobrevive.

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