Pesquisa Datafolha mostra que morte de Eduardo Campos foi uma bomba na campanha de Dilma

(André Dusek – Estadão)

Prova dos nove – Quando procurou Roberto Amaral, um dos seus muitos ex-ministros e agora presidente nacional do PSB, Luiz Inácio da Silva, o apedeuta lobista, sabia o que viria pela frente. Lula tentou convencer o dirigente partidário a não permitir que Marina Silva assumisse a candidatura do PSB à Presidência da República, pois era sabido nos bastidores da campanha de Dilma Rousseff que a maior prejudicada com a morte de Campos seria a petista.

No programa de rádio “Soltando o Verbo”, que faz regularmente aos sábados, o editor do ucho.info rebateu, no último dia 16 de agosto, as muitas teorias da conspiração que apontavam – e ainda apontam – o PT como responsável pela queda do avião. Disse de forma clara, com base na lógica político-eleitoral, que se fosse o caso de matar um candidato para ganhar a corrida ao Palácio do Planalto, o PT deveria se preocupar em tirar Marina Silva de cena, não Eduardo Campos.

Na primeira pesquisa eleitoral realizada com Marina Silva como cabeça de chapa, a presidenciável ainda não oficializada do PSB já aparece em segundo lugar, tendo ultrapassado o tucano Aécio Neves. De acordo com o Datafolha, que divulgou nesta segunda-feira (18) os resultados do levantamento iniciado um dia após o acidente aéreo, a petista Dilma Rousseff aparece em primeiro lugar, com 36% das intenções de voto. Em segundo aparece Marina Silva, com 21%, enquanto o tucano Aécio Neves, em terceiro, tem 20%.

Marina e Aécio estão tecnicamente empatados, mas a situação é mais preocupante para Dilma, como afirmou o editor do ucho.info em análise sobre o quadro sucessóriopublicada na tarde de domingo (17). Na simulação de eventual segundo turno entre Dilma e Marina, a candidata do PSB leva a melhor, com 47% das intenções de voto, contra 43% da presidente da República.

Como destacou o editor em sua análise, qualquer prognóstico, neste momento, sobre quem vencerá a corrida ao Palácio do Planalto não passa de obra do “achismo”, mas não se pode ignorar o fato de que a morte de Eduardo Campos pesou mais para Dilma do que para Aécio. A presidente tem contra si não apenas a nova adversária, mas uma crise econômica preocupante e que só cresce, decorrente da inoperância de um governo recheado de incompetentes.

No caso de Aécio Neves, o candidato do PSDB terá não apenas de se reinventar como candidato, mas mudar seu discurso – talvez levando um pouco mais para a esquerda – caso queira manter as chances de chegar ao segundo turno. Fora isso, o tucano terá de centrar suas críticas no governo petista, direcionando-as para Dilma Rousseff, o que deve acontecer no segundo programa do horário eleitoral.

Fonte: ucho.info