Empresa diz não saber se conseguirá convencer Justiça sobre plano de recuperação
Mensagem de suspensão no site da Telexfree
A Telexfree anunciou a suspensão das atividades comerciais por tempo indeterminado. Em nota publicada em seu site, a empresa diz não saber se conseguirá convencer a Justiça americana sobre a viabilidade do negócio, acusado de ser umapirâmide financeira bilionária disfarçada de venda de telefonia VoIP.
"Nós continuamos a acreditar fortemente no VoIP da Telexfree e no modelo de vendas diretas. Na situação, entretanto, nós não sabemos quando ou se vamos ser capazes de convencer a Corte de Recuperações e outros órgãos legais do valor do nosso serviço de VoIP e do potencial de novos produtos da Telexfree, e da viabilidade do negócio Telexfree", diz nota publicada no site da empresa.
Decisão americana já restringia atividades da empresa
Carlos Wanzeler, fundador da Telexfree: foragido da Justiça americana
Na prática, a Telexfree já estava com atividades bloqueadas por uma ordem da Corte Distrital de Boston de 16 de abril, a pedido da Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos).
A acusação da SEC é que a Telexfree se sustenta das taxas de adesão cobradas dos divulgadores – de US$ 299 (R$ 135) a US$ 1.375 (R$ 3.039) – e não da venda de telefonia VoIP.
O pedido de recuperação judicial que a Telexfree menciona na nota foi feito dois dias antse do bloqueio pela Justiça americana. Para a secretaria de Estado de Masschusetts, onde fica a sede da empresa, a solicitação é apenas uma manobra para dificultar o ressarcimento dos divulgadores.
Documentos da Telexfree obtidos pelas autoridades americanas apontam que a empresa
arrecadou cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 2,6 bilhões) em todo o mundo, a partir de 2012, quando suas atividades ganharam corpo. No Brasil, as contas da companhia receberam cerca de US$ 446 milhões (R$ 988 milhões)
O braço brasileiro da Telexfree foi proibido atuar em junho de 2013, por uma decisão da 2ª Vara Cível do Acre. Como o iG mostrou, entretanto, residentes no País puderam continuar a se cadastrar.
A Telexfree foi criada pelo brasileiro Carlos Wanzeler e pelo americano James Matthew Merrill em 2002, nos Estados Unidos. Merrill está preso e Wanzeler fugiu para o Brasil em abril.
Carlos Wanzeler, procurado pela Justiça americana, entrou no País há quase um mês; saiba como
Wanzeler, que morava em Northborough, deixou os EUA pelo Canadá e embarcou para São Paulo
A mulher do criador da Telexfree foi presa na noite da quarta-feira (14) no aeroporto JFK, em Nova York, ao tentar embarcar para o Brasil, para onde o seu marido, Carlos Wanzeler, fugiu há cerca de um mês. Ele é considerado foragido da Justiça americana, onde responde a processo por conspiração para cometer fraude eletrônica.
Katia Wanzeler: presa como testemunha importante no caso da Telexfree
Katia foi detida na condição de testemunha importante do crime. Ela, entretanto, também recebeu "quantias significativas" de recursos levantados pela Telexfree. O negócio é acusado de ser uma pirâmide financeira bilionária criada por Carlos Wanzeler, brasileiro, e James Matthew Merrill, americano. Merrill está preso.
Katia recebeu US$ 1,5 milhão – cerca de R$ 3,32 milhões – da Telexfree em fevereiro de 2014, quando os proprietários já sabiam que o negócio estava sob investigação. Um cheque de US$ 2 milhões – ou R$ 4,43 milhões – em favor da mulher foi apreendido na sede do grupo em 15 de abril, dia em que a empresa foi denunciada como pirâmide financeira pelas autoridades do Estado de Massachusetts.
Fuga de Carlos Wanzeler foi pelo Canadá
Nesse mesmo dia, Carlos Wanzeler e a filha, Lyvia Wanzeler, deixaram os Estados Unidos em direção ao Canadá. Os dois cruzaram a fronteira de carro, na cidade de Lacolle, província do Quebéc, às 23h. Katia ficou em Northborough, onde vivia com o marido.
Dois dias depois – 17 de abril – Carlos e Lyvia embarcaram no voo 90 da Air Canada com destino a São Paulo. O empresário, que tem passaporte americano, entrou no Brasil com o documento brasileiro.
Carlos Wanzeler, fundador da Telexfree
Lyvia retornou para os Estados Unidos no dia 26 de abril, e tinha reservado passagem para o Brasil para o dia 4 de junho. Em 1º de maio, entretanto, ela embarcou num voo de Bostom com destino à Itália.
No dia 13 de maio, alguém comprou, no Brasil, uma passagem em dinheiro no nome de Katia.
Até esta quarta-feira (14), autoridades americanas não haviam solicitado auxílio à Polícia Federal brasileira sobre a fuga de Carlos Wanzeler.
A defesa do empresário não comentou imediatamente as informações. A reportagem não conseguiu contato com Katia e Lyvia.
Empresário mandava dinheiro do Brasil para os EUA
Wanzeler criou a Telexfree em 2002 nos Estados Unidos, mas ela deslanchou após ser trazido para o Brasil, em 2012. Aqui, cerca de 1 milhão de pessoas investiram na empresa, que prometia lucros expressivos em troca de venda de pacotes de telefonia VoIP, realização de publicidade na internet e atração de mais gente para o negócio.
Como o iG revelou, em menos de dois anos, a Telexfree recebeu R$ 988 milhões apenas em suas contas brasileiras. Parte desse dinheiro era transferido para contas de Wanzeler no Brasil e, em seguida, para contas mantidas por ele nos Estados Unidos.
Além do processo americano, o empresário responde, junto com seus sócios James Matthew Merrill e Carlos Roberto Costa, a um processo em que é acusado de ter criado uma pirâmide financeira – crime que pode ser punido com até dois anos de prisão
Nos Estados Unidos, Wanzeler pode pegar 20 anos.
Fonte: http://www.ig.com.br/
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