A farinha de mandioca, farinha de puba ou farinha d`água e a farinha seca é um derivado da matéria prima da mandioca, conhecida cientificamente por “Manihot esculenta.” A arte de fazer farinha é uma atividade centenária herdada dos nossos ancestrais indígenas da América Latina. Há estudos afirmativos que a fabricação de farinha no Brasil tenha também a contribuição cultural dos Africanos que aqui trabalharam como escravos nos séculos XVI, XVII, XVII e XIX. Mas é certo que a mandioca tenha sua origem nas terras americanas, onde explica a nota: “O nome dado ao caule do pé de mandioca é maniva, o qual, cortado em pedaços é usado no plantio. Trata-se de um arbusto que teria tido sua origem mais remota no oeste do Brasil (sudoeste da Amazônia) e que, antes da chegada dos europeus à América, já estaria disseminado, como cultivo alimentar, até a Mesoamérica (Guatemala e México). Espalhada para diversas partes do mundo, tem hoje a Nigéria como seu maior produtor.
No Brasil, possui muitos nomes, usados em diferentes regiões, tais como: mandioca-brava - a que contém o veneno ácido cianídrico, aipim, castelinha, macaxeira, mandioca-doce, najazinha, branquinha, praiana, mandioca-mansa, maniva, maniveira, pão-de-pobre e variedades como aiapuã e caiabana, ou nomes que designam apenas a raiz, como caarina.”

A farinha produzida no Município de Urbano Santos era conhecida nesse tempo como especial, bem amarela e sequinha. Em alguns casos os seus fabricantes adicionavam à massa, manteiga e côco, para dar um sabor muito mais irresistível. Muitas comunidades principalmente da zona rural viviam da produção de farinha, que tem sua fase inicial no mês de Julho indo até final de Novembro.
Para esse processo tudo começa no plantio lá na roça. Quando o lavrador ao acordar cedinho leva sua família para “plantar maniva” enquanto uns cavam o chão, outros cortam o caule da planta em pedaços de dezesseis a vinte centímetros, onde outras pessoas vão concluindo colocando-os na cova e cobrindo com pouca terra.
Depois de um determinado tempo, surgem os primeiros brotos e então nasce dali uma bela roça de mandioca (são miguel – san nunga ou roça de janeiro). Depois de um ano a mandioca está madura, no ponto da colheita. É hora de preparar os jegues com jacás (recipiente feito de talas de banbú) e xaxos (um pedaço de metal com um cabo de madeira) para arrancar a mandioca da terra.
Arranca-se as raízes da terra, levando-as até o pubeiro (local onde se coloca as raízes de molho durante três dias). Passando-se esse período é o momento de “tirar a puba” as raízes já sem o leite e amolecidas são lavadas e colocadas nos jacás novamente e destinadas aos girais (espécie de suporte feito de madeira e coberto de palhas para alojar a puba).
Do giral a puba vai para o “banco do caititú” e em seguida a massa é triturada. Para acontecer esse processo, antigamente se usava a famosa “bulandeira” (roda de madeira) onde na maioria das vezes, dois homens com as forças dos braços, puchavam a roda que através de uma correia feita de couro cru anexada à púlia (pequeno pedaço de madeira escavado) girava a “bola do caititu” (uma espécie de ralo) parecida com o porco caititu das selvas da América. Nesse sentido uma mulher sentada no banco faz o manejo do ralamento perigoso da puba.

Depois a massa já triturada é, colocada nos “tipitis” (cestos compridos feitos de palha de buriti), a massa é escorrida e depositada na gamela para ser peneirada, usa-se uma peneira feita de talas de tabocas, guarimã ou buriti para esse sistema. A massa peneirada é enviada para o forno, que já está muito aquecido e encebado com sebo de gado, para não grudar a massa no metal ou cobre.
Os primeiros momentos chama-se “passar a massa” depois da massa passada no vai-e-vem do rôdo, ela é recolocada em outro forno para o ponto final, conhecido como “secar a farinha” (apuramento da farinha). Passado esse momento a farinha torrada é depositada nas gamelas para o esfriamento e depois de fria, segue-se o sistema de empaneiramento da farinha.
Os primeiros momentos chama-se “passar a massa” depois da massa passada no vai-e-vem do rôdo, ela é recolocada em outro forno para o ponto final, conhecido como “secar a farinha” (apuramento da farinha). Passado esse momento a farinha torrada é depositada nas gamelas para o esfriamento e depois de fria, segue-se o sistema de empaneiramento da farinha.

Urbano Santos foi grande campeão de fabricação de farinha. Isso tem que ser reconhecido, pois as gerações contemporâneas devem tomarem conhecimentos desse maravilhoso processo que contribui para o avanço do nosso município tanto na questão socioeconômica, quanto cultural e social, se perpetuando de gerações para gerações. “Farinhada é motivo de alegria, força do trabalho rural, cultura e desenvolvimento sustentável.”
TEXTO E FOTOS DE JOSÉ ANTONIO BASTO
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