
Na política não existe bobo. Os que são, fingem bem. Na arte da política, há um grande teatro envolvente e enobrecedor, em que no palco montado pelos mandatários desfilam personagens distintos, bons homens e também, inevitavelmente, uma corja que faz o país lembrar o quanto é necessário uma reforma política – e, por que não, de caráter – seja em Brasília, a meca do poder brasileiro, seja numa cidadezinha bem afastada da capital. Nesse teatro, existem peixes e tubarões num mar peculiar criado por eles, os mandatários. Há momentos em que trocam de papéis, e os perigosos tubarões se passam por inofensivos lambaris para distrair as lanternas da midia e fazer suas pescarias. Não escapam, porém, à verdade. Todos trabalham pelo poder. Por eles, e pelos partidos.
A síntese acima resume o PMDB. nas duas últimas décadas, em que o partido tenha ficado longe do poder nacional em Brasília. Rachado ou não, o PMDB sempre teve um pé no Palácio do Planalto. Discretíssimo com Fernando Collor, mais liberado com Itamar Franco, evidente com Fernando Henrique e escancarado com Luiz Inácio, tanto na primeira gestão, só em parte, quanto na segunda, enfim todo ele. O PMDB.
Pode-se dizer que o PMDB é um grande cardume e seus tubarões, sempre à caça de iscas fáceis. Porque eles são maioria no Congresso, este mar (às vezes de lama), e sabem se impor em grupoE, dentro deste PMDB, se existe um nome que sabe deixar-se levar pela correnteza do poder, é José Sarney. Com exceção de um breve período, os dois anos de governo Collor (1990-92), Sarney entra e sai do gabinete presidencial do Palácio do Planalto desde 1986, em ritual no qual as portas se abrem sozinhas para ele, independentemente do popular inquilino do outro lado da mesa. Seria exagero dizer que Sarney é o PMDB,Muito tem se falado que José Sarney, hoje presidente do Congresso, vai desistir da reeleição. Balela. Ele vai continuar no cargo, já negocia sua permanência, no biênio 2011-12. Enquanto isso, os peixes, aqueles que se acham tubarões e apostam na sua queda, não percebem que já foram fisgados. Esquecem-se de que Sarney, além de tubarão, também sabe pescar. No aquário do Palácio. Enquanto isso estamos sendo engolidos porestes tubarões, aqui no Maranhão.
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