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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

'Resistir até morrer': o que pedem as mulheres de PMs no Espírito Santo! ENTENDA: ato que começou com 10 mulheres tirou a PM das ruas

Há seis dias acomodadas em tendas e barracas na frente de Batalhões e Quartel da Polícia Militar na Grande Vitória e em cidades do interior do Espírito Santo, mães, esposas e irmãs resistem e impedem a saída dos policiais militares para o policiamento.
De um lado, elas enfrentam a hostilidade de parte da população que discorda do movimento por estar à mercê da violência. De outro, veem no caos instaurado a única maneira de lutar por aquilo que consideram de direito de seus familiares.
Na tarde desta quarta-feira (8), o G1 foi até a frente do Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar e ao Batalhão de Missões Especiais (BME), para conversar com as manifestantes e entender como um protesto iniciado por aproximadamente 10 mulheres cresceu a ponto de resultar na maior crise de segurança da história do Espírito Santo.
Como tudo começou?
Era manhã de sexta-feira (3), quando um pequeno grupo de esposas e mães se reuniram em frente ao Destacamento da Polícia Militar (DPM) do bairro Feu Rosa, na Serra.

Elas seguravam os cartazes com dizeres “O pior salário do Brasil” e “Não suportamos tanto descaso” e impediam a saída de policiais militares para o patrulhamento. As familiares fizeram
isso porque os policiais militares não podem fazer greve ou protestar.
Ao contrário da maioria dos protestos pacíficos, o ato resistiu às horas e as mulheres passaram a noite em frente ao Destacamento.
No sábado de manhã (4), a ideia já havia se espalhado através das redes sociais e aplicativos de mensagens. Inspirados pelo movimento das mulheres da Serra, mais familiares já ocupavam a frente de unidades policiais em outros municípios. Eles formavam um bloqueio na porta dos batalhões e impediam a saída dos PMs para o patrulhamento das cidades.
As reivindicações eram as mesas do primeiro grupo: reajuste salarial, reposição da inflação, insalubridade, periculosidade, adicional noturno, entre outros benefícios não concedidos aos militares do Espírito Santo.
Quem são as mulheres que protestam?
As manifestantes, que resistem há seis dias à espera de uma proposta do Governo do Estado, são mães, esposas, namoradas, irmãs e amigas de policiais militares. Em sua maioria, mulheres que se propuseram a passar dias e noites nas portas das unidades policiais para defender a melhoria das condições de trabalho dos PMs.

Mulheres tem comida, bebida e carregadores de celular (Foto: Naiara Arpini/ G1)
Mulheres tem comida, bebida e carregadores de
celular (Foto: Naiara Arpini/ G1)
Elas se revezam para que o movimento não perca a força, discutem as ações e, em alguns momentos, oram pedindo proteção e coragem para continuar.
No interior das tendas montadas, têm o suficiente para enfrentarem - se preciso for - os próximos dias: comida, água, carregadores de celular, cadeiras e barracas de camping.
Segundo as manifestantes, um supermercado próximo tem cedido alimentos e deixado as mulheres usarem o banheiro.
Mesmo sem uma liderança definida, o movimento tem um discurso unificado, evidenciado reclamações de mulheres que partilham dos mesmos problemas e rotinas.
Veja algumas das principais reivindicações sob a perspectiva das protagonistas do ato e a resposta do Governo para cada uma delas.
‘A PM tem o pior salário da categoria no Brasil e não recebe benefícios’
O piso salarial de um soldado da Polícia Militar é R$ 2.646,12, enquanto a média nacional é de R$ 3.980, segundo a Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo.

“Se eles quiserem ganhar um pouco mais, precisam fazer três escalas extras, o que dá mais de 18 horas de serviço, por mês. Há sete anos, eles não recebem um real de reajuste e há quatro estão sem correção inflacionária. Eles não têm vale-transporte, não têm auxílio-alimentação, não tem plano de saúde. A Justiça já determinou o pagamento do tíquete-refeição, e o governo de nega. Se o policial bater com a viatura, ele que tem que pagar. Eles arriscam a vida todos os dias para ganhar um salário que não paga o que eles e nós passamos”.
- Empresária, 31 anos, noiva de policial militar

O que o Governo diz?  "A declaração dos policiais militares de que a categoria tem o pior piso estadual é equivocada. Uma tabela baseada em dados da Pnad de 2015 mostra que o piso capixaba é o 10º maior entre os 26 Estados e o Distrito Federal. O subsídio inicial de um soldado da PM é de R$ 2.646 que, com os 15% da remuneração pela escala especial, passa para R$ 3.052.
O Executivo estadual já ultrapassou o limite de alerta de despesas com pessoal (44,1% da Receita Corrente Líquida) estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e que, com 45,09%, se aproxima do limite prudencial (46,55%), que já implica vedações como proibições de contratações, criação de cargos e pagamento de horas extras. Um reajuste neste momento seria uma irresponsabilidade e um risco para a economia capixaba.
A alocação de recursos para a área de segurança foi uma das poucas que tiveram crescimento nos últimos anos: de 12,6% entre 2014 (R$ 1,8 bilhão) e o ano passado (R$ 2,27 bilhões). No período, a folha de pagamento da Polícia Militar subiu 11,1%, de R$ 1,012 bilhão para R$ 1,125 bilhão".
‘A PM do ES não tem plano de saúde e o HPM não tem médicos’
“Os policiais não são como o governador, que vai para o Sírio Libanês. Os policiais vão para posto de saúde, para os hospitais públicos, como todo cidadão comum. Eles ficam à mercê, como qualquer um da população. Nós temos o Hospital da Polícia Militar (HPM), mas não temos médico dentro do HPM, não temos plano de saúde”.
-  Ordilene Martins Campos, esposa de um policial militar da reserva

“O que a sociedade está passando agora, é o que nós passamos todos os dias. Essa é a nossa realidade. Todos os dias a gente tem medo de que o nosso noivo, marido, pai, tomem tiro no meio da rua. Eles sabiam da periculosidade da profissão deles? Sim. Porém, é injusto o que eles ganham para isso. É inadmissível uma profissão de risco como a de um policial não ter um plano de saúde. O que qualquer empresa básica oferece ao seu funcionário. Se meu esposo levar um tiro, ele vai ter que ir para um Pronto Atendimento”.
- Autônoma, 27 anos, noiva de policial militar

O que o Governo diz? G1 procurou, mas a Secretaria de Segurança Pública não respondeu até o fechamento da reportagem.
‘Materiais de trabalho da PM estão sucateados’
“Muita gente está achando que a gente só está aqui pelo salário, mas é pela segurança. Meu marido não tem colete a prova de balas, tem PM aqui que sequer tem armamento. Eu nunca sei se ele vai voltar [para casa, depois do trabalho]. Por mim, meu marido teria outra profissão”.
- Graciele, assistente administrativo, 29 anos, esposa de policial militar

“A maioria das viaturas está danificada. Algumas estão sem freio, outras com a direção quebrada. Eles dizem que não tem verba para a manutenção”.
- Empresária, 31 anos, noiva de policial militar

O que o Governo diz? O G1 procurou, mas a Secretaria de Segurança Pública não respondeu até o fechamento da reportagem.
‘Promoções estão atrasadas’
“Meu marido está com a promoção dele atrasada há dois anos. Por dois anos a promoção dele não sai. Mas a dos oficiais sai”.
- Dona de casa, 29 anos, noiva de policial militar

O que o Governo diz? G1 procurou, mas a Secretaria de Segurança Pública não respondeu até o fechamento da reportagem.
Sem PMs
Desde sábado (4), o estado vive uma onda de violência com mortes, saques e assaltos. Nos últimos cinco dias, 90 pessoas foram mortas na Grande Vitória, segundo o Sindicato da Polícia Civil. Nesta quarta-feira, os ônibus não circularam e escolas e postos de saúde seguem fechados.

Negociação
A primeira reunião com apresentação de propostas entre mulheres de policiais militares e governo ocorreu nesta quarta-feira (8), 5º dia de protesto. A conversa ocorreu a portas fechadas e terminou sem acordo.

As representantes do movimento pediram anistia para elas e para os policiais militares, e o reajuste de 48%, que representa as perdas salariais da categoria.
Uma nova reunião  acontece na tarde desta quinta-feira (9), com a contra proposta do governo.
Do G1

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