Fora de si e com outros interesses expostos nas entrelinhas da declaração que deu nesta sexta-feira (17) a uma emissora de sua família, o ministro do governo Temer, Sarney Filho, sem o menor remorso do mal que fizeram ao povo do Maranhão e da dívida deixada com o estado, disse que o povo sente saudades de Roseana.
No contexto da afirmação, é importante situar que Sarney Filho é candidato ao Senado. Nos bastidores do clã, há uma guerra fratricida pela disputa da vaga de senador. O grupo Sarney sabe da possibilidade escassa de voltar ao governo do Maranhão, haja vista as denúncias de corrupção que pesam sobre a família como também as gestões desastrosas que fizeram quando estiveram no governo. A única chance, então, seria reunir forças em uma das vagas ao senado. Por isso o interesse de Sarney Filho em incensar Roseana para uma candidatura “kamikaze” ao governo do estado. Mesmo Roseana sendo derrotada, a união do
grupo faria Sarney Filho conquistar uma das vagas à câmara alta.
Nesse aspecto, o ministro de Temer está certíssimo, pois do ponto de vista político há de se considerar que todo o grupo Sarney coeso as chances de chegarem ao senado seriam reais. Agora quanto a esdruxula declaração de que o povo sente saudades de Roseana, essa é mais uma das fantasias delirantes que permeiam o desejo incontrolável do clã voltar a se locupletar do poder.
Ora, será se o povo do Maranhão sente mesmo saudades do legado de miséria, atraso e retrocesso deixado por Roseana? A única herança dos governos da Branca, sem medo de errar, é a pobreza, o desemprego e a caos da insegurança (quem não lembra dos presos degolados em Pedrinhas?).
Apenas para refrescar a memória de alguns, Roseana Sarney deixou, nos seus quatro mandatos, 2 milhões de maranhenses abaixo da linha de miséria (renda per capita de R$ 70 por mês); 64% da população passando fome e as três piores cidades do país em renda per capita. Outra herança maldita da filha de Sarney foi 6,5% dos municípios maranhenses com rede de esgoto e dos 15 municípios brasileiros com as menores rendas, segundo o IBGE, dez situados no Maranhão (é o estado brasileiro com maior percentual de miseráveis).
Até o governo de Roseana Sarney, 64% da população passava fome, 19% era analfabetos, a mortalidade infantil afetava 39 bebês em cada 1000 nascimentos e apenas 7,8% dos domicílio tinha computador.
Em 2012, no governo de Roseana Sarney, o Maranhão tinha a segunda maior taxa de analfabetismo de jovens e adultos, com 20,8% da população de 15 anos ou mais sem saber ler e escrever e altas taxas de mortalidade infantil. Não dá para esquecer que o estado, nas gestões da filha do ex-senador José Sarney, viveu seus piores momentos, foram dias de fome, insegurança, desemprego, ciclo de mazelas aterrorizante encerrado com a saída de Roseana do Palácio dos Leões em 2014.
Em 2015, a renda per capita média do brasileiro chegou a R$ 1113,00, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE. Enquanto o Distrito Federal ficou em primeiro, com R$ 2.252,00, o Maranhão amargou o último lugar, com R$ 509,00.
Outras lembranças péssimas que, sem dúvidas, a população maranhense não sente saudades é do engodo da Refinaria da Petrobras em Bacabeira, que não saiu do papel; o golpe do pólo têxtil de Rosário, que levantou 24 milhões de dólares de empréstimos da SUDENE junto ao BNB e enganou cerca de 4 mil homens e mulheres humildes da região do Munin; e o caso Usimar, que contou com o decisivo apoio da governadora Roseana Sarney. O Conselho Deliberativo da SUDAM aprovou um projeto no valor global de U$ 1,38 bilhão e liberou uma parcela inicial de 44 milhões de dólares para a instalação de uma fábrica de autopeças no Distrito Industrial de São Luís. A empreiteira Planor construiu um barracão no local, mas o empreendimento nunca saiu do papel e o dinheiro liberado desapareceu.
Sem falar do embuste da tal reserva de gás em Capinzal do Norte, Trizidela do Vale e Santo Antônio dos Lopes, o que seria a salvação/redenção do Maranhão. Festejado pelos Sarneys que suas empresas (OGX E EBEX) haviam descoberto a ‘meia Bolívia’ de gás natural no interior do Maranhão, o empresário Eike Batista, agora preso, foi incensado e promovido a semideus por José Sarney, Roseana e integrantes do seu grupo, mas logo viu seu império cair. Nada de exploração de gás no Maranhão e os milhares de empregos que seriam gerados não passaram de fantasia. Ficou a miséria dos maranhenses enganados por Eike e Roseana Sarney.
Quanto aos casos de corrupção, vale lembrar que a ex-governadora Roseana Sarney é acusada pelo Ministério Público e pela Justiça de ter cometido 4 graves crimes pelos quais pode ser condenada a pelo menos 6 anos de prisão. Há uma ação ingressada pelo Ministério Público do Maranhão de improbidade por um suposto rombo de R$ 1 bilhão nos cofres estaduais no esquema de fraudes em isenções fiscais quando Roseana era governadora.
Roseana aparece nas planilhas da Odebrecht que listam pagamento de propina, segundo publicação do site Congresso em Foco. A empresa é acusada de pagar propina para políticos e funcionários da Petrobras.
A pergunta que fica a Sarney Filho: será que os maranhenses querem mesmo retornar a esse tempo sombrio, à ‘idade das trevas’ do Maranhão de opressão, insegurança e sofrimento promovido por Roseana quando tínhamos os piores indicadores sociais?
Fonte: John Cutrim